Monitoramento sorológico da toxoplasmose gestacional:análise retrospectiva de gestantes em Petrópolis, RJ,Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17696/2318-3691.31.01.2025.226

Palavras-chave:

Cuidado Pré-Natal, Toxoplasmose Congênita, Sorologia, Toxoplasma

Resumo

Introdução: A toxoplasmose congênita é uma das formas mais graves de infecção pelo Toxoplasma gondii, adquirida pelo feto quando as mulheres grávidas são infectadas, no início da gravidez ou próximo à concepção. Assim, o diagnóstico, acompanhamento e orientação durante o pré-natal são fatores essenciais para auxiliar na redução do número de casos desta doença e atenuar suas sequelas. Objetivos: Avaliar o acompanhamento sorológico da toxoplasmose gestacional durante o pré-natal com base em dados coletados de prontuários de puérperas atendidas um hospital público de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, entre 2020 e 2022.  Métodos: As gestantes foram divididas em quatro grupos, de acordo com o número de exames sorológicos a que foram submetidas durante o pré-natal. Variáveis relacionadas à mãe, gestação e pré-natal foram analisadas e comparadas entre os grupos. Resultados: No total, 240 (39,9%) dos 602 prontuários analisados apresentavam anticorpos IgG, enquanto oito (1,3%) apresentavam anticorpos IgM; 16 (2,7%) das pacientes realizaram quatro testes sorológicos durante a gravidez; 115 (19,1%) realizaram três testes; 214 (35,5%) dois testes; e 257 (42,7%) das pacientes realizaram apenas um exame. O Grupo 4 foi o único no qual todas as gestantes suscetíveis realizaram os três testes sorológicos, após o primeiro teste; portanto, o número de testes realizados para toxoplasmose diminuiu à medida que a gravidez avançava. Conclusões: Com base nos dados analisados, aproximadamente, 60% das gestantes estavam suscetíveis à infecção causada pelo Toxoplasma gondii e muitas delas não foram acompanhadas, conforme preconiza o Ministério da Saúde.

Referências

Peyron F, L’Ollivier C, Mandelbrot L, Wallon M, Piarroux R, Kieffer F, et al. Maternal and congenital toxoplasmosis: diagnosis and treatment recommendations of a French multidisciplinary working group. Pathogens. 2019;8(1):24. doi:10.3390/pathogens8010024.

2. Rostami A, Riahi SM, Contopoulos-Ioannidis DG, Gamble HR, Fakhri Y, Shiadeh MN, et al. Acute Toxoplasma infection in pregnant women worldwide: a systematic review and metaanalysis. PLoS Negl Trop Dis. 2019;13(10):e0007807. doi:10.1371/journal.pntd.0007807.

3. Bollani L, Auriti C, Achille C, Garofoli F, De Rose DU, Meroni V, et al. Congenital Toxoplasmosis: the state of the art. Front Pediatr. 2022;10:894573. doi:10.3389/fped.2022.894573.

4. Amendoeira MRR. Mecanismos de transmissão da toxoplasmose. Na Acad Nac Med.1995;155(4):224-5.

5. Shapiro K, Bahia-Oliveira L, Dixon B, Dumètre A, Wit LA, Vanwormer E, et al. Environmental transmission of Toxoplasma gondii: oocysts in water, soil and food. Food Waterborne Parasitol. 2019;15:e00049. doi: 10.1016/j.fawpar.2019.e00049.

6. Strang A, Ferrari RG, Rosário DK, Nishi L, Evangelista FF, Santana PL, et al. The congenital toxoplasmosis burden in Brazil: systematic review and meta-analysis. Acta Trop. 2020;211:105608. doi:10.1016/j.actatropica.2020.105608.

7. Franco PS, Scussel ACMO, Silva RJ, Araújo TE, Gonzaga HT, Marcon CF, et al. Systematic Review and Meta-Analysis of Congenital Toxoplasmosis Diagnosis: Advances and Challenges. J Trop Med. 2024. doi:10.1155/2024/1514178.

8. Paschoal ATP, Bernardes JC, Nadal AL, Vilas Boas JS, Silva ACS, Monica TC, et al. Evaluation of implementation of the primary, secondary and tertiary prevention measures of the Surveillance Program of Gestational and Congenital Toxoplasmosis in the city of Londrina-PR. Transbound Emerg Dis. 2021;69(3):1449-57. doi:10.1111/tbed.14111.

9. Secretaria de Estadual de Saúde. Protocolo estadual de atenção ao pré-natal de risco habitual [Internet]. Rio de Janeiro: SES; 2020 [2023 Oct 20]. 138 p. Available from: https://saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MzU0MjY%2C

10. Ministério da Saúde. Portaria nº 204/2016. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras

providências [Internet]. [cited 2023 Nov 4]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html

11. Dubey JP, Murata FHA, Cerqueira-Cézar CK, Kwok OCH, Villena I. Congenital toxoplasmosis in humans: an update of worldwide rate of congenital infections. Parasitol. 2021;148(12):1406-16. doi:10.1017/S0031182021001013.

12. Kim K, Weiss LM. Toxoplasma gondii: the model apicomplexan. Int J Parasitol. 2004;34(3):423-32. doi:10.1016/j.ijpara.2003.12.009.

13. Bigna JJ, Tochie JN, Tounouga DN, Bekolo AO, Ymele NS, Youda EL, et al. Global, regional,and country seroprevalence of Toxoplasma gondii in pregnant women: a systematic review,modelling and meta-analysis. Scientif Rep. 2020;10:12102. doi:10.1038/s41598-020-69078-9.

14. Oliveira GMS, Simões JM, Schaer RE, Freire SM, Nascimento RJM, Pinheiro AMCM, et al.Frequency and factors associated with Toxoplasma gondii infection in pregnant womenand their pets in Ilhéus, Bahia, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2019;52:e20190250.

doi:10.1590/0037-8682-0250-2019.

15. Evangelista FF, Mantelo FM, Lima KK, Marchioro AA, Beletini LF, Souza AH, et al. Prospective evalution of pregnant women with suspected acute toxoplasmosis treated in a reference prenatal care clinic at a university teaching hospital in Southern Brazil. Rev Inst Med Trop S Paulo. 2020;62:e46. doi:10.1590/S1678-9946202062046.

16. Moura FL, Goulart PRM, Moura APP, Souza TS, Fonseca ABM, Amendoeira MRR. Factors associated to toxoplasmosis-related knowledge among pregnant women attending public health services in the municipality of Niterói, Rio de Janeiro, Brazil, 2013-2015. Epidemiol Serv Saude. 2016;25(3):655-61. doi:10.5123/S1679-49742016000300022.

17. Laboudi M. Review of toxoplasmosis in Morocco: seroprevalence and risk factors for toxoplasma infection among pregnant women and HIV-infected patients. Pan Afr Med J. 2017;27:269. doi:10.11604/pamj.2017.27.269.11822.

18. Marques BL, Tomasi YT, Saraiva SS, Boing AF, Geremia DS. Guidelines to pregnant women: the importance of the shared care in primary health care. Esc Anna Nery. 2021;25(1):e20200098. doi:10.1590/2177-9465-ean-2020-0098.

19. Mejia-Oquendo M, Marulanda E, Gomez-Marin J. Evaluation of the impact of the first evidence-based guidelines for congenital toxoplasmosis: an observational retrospective analysis. Lancet Reg Health-Am. 2021;1:100010. doi:10.1016/j.lana.2021.100010.

20. Amendoeira MRA, Camillo-Coura LF. Uma breve revisão sobre toxoplasmose na gestação. Scientia Medica. 2010;20(1):113-9.

21. Ministério da Saúde. Nota Técnica Nº 4/2022-DAPES/SAPS/MS. Proporção de gestantes com pelo menos 6 (seis) consultas pré-natalrealizadas, sendo a 1ª até a 12 ª semana de gestação. [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2020 [cited 2023 Nov 4]. Available from: https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Proporcao-de-gestantes-com-pelomenos-

6-seis-consultas-pre-natal.pdf

22. Villar BBLF, Neves ES, Louro VC, Lessa JF, Rocha DN, Gomes LHF, et al. Toxoplasmosis in pregnancy: a clinical, diagnostic, and epidemiological study in a referral hospital in Rio de Janeiro, Brazil. Braz J Infect Dis. 2020;24(6):517-23. doi:10.1016/j.bjid.2020.10.001.

23. Gargaté MJ, Ferreira I, Vilares A, Martins S, Cardoso C, Silva S, et al. Toxoplasma gondii seroprevalence in the Portuguese population: comparison of three cross-sectional studies spanning three decades. BMJ Open. 2016;6(10):e011648. doi:10.1136/

bmjopen-2016-011648. Arch. Health. Sci. 2025. Toxoplasma and Toxoplasmosis | DOI: 10.17696/2318-3691.31.01.2025.226 | e310125226 7

24. Ministério da Saúde. Nota Técnica Nº 14/2020-COSMU/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS. Trata-se de Nota Técnica que apresenta fluxograma de diretriz Nacional, para a condução clínica do diagnóstico e tratamento da Toxoplasmose Gestacional e Congênita [Internet]. Brasília,

DF: Ministério da Saúde; 2020 [cited 2023 Oct 30]. Available from: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202112/17150626-nota-tecnica-n-14-2020-cosmu-cgcivi-dapes-sapsms-2.pdf

25. Soares JAS, Holzmann APF, Alves BBS, Lima CFQ, Caldeira AP. Perfil de gestantes e crianças acompanhadas por exposição ao Toxoplasma gondii num centro de referência: o que mudou 10 anos depois? Rev Bras Saúde Mater Infant. 2023;23:e20220225. doi:10.1590/1806-9304202300000225.

26. Falcão CMMB, Sousa AMA, Moura WL, Batista LIV. Clinical and epidemiological profile of children with congenital toxoplasmosis in a reference institute of perinatology. Res Soc Dev. 2021;10(17):e81101724524. doi:10.33448/rsd-v10i17.24524.

27. Esposti CDD, Santos-Neto ET, Oliveira AE, Travassos C, Pinheiro RS. Desigualdades sociais e geográficas no desempenho da assistência pré-natal de uma Região Metropolitana do Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2020;25(5):1735-49. doi:10.1590/1413-81232020255.32852019.

28. Mallmann MB, Boing AF, Tomasi YT, Anjos JC, Boing AC. Evolução das desigualdades socioeconômicas na realização de consultas de pré-natal entre parturientes brasileiras: análise do período 2000-2015. Epidemiol Serv Saude. 2018;27(4):7-11. doi:10.5123/S1679-

49742018000400014.

Downloads

Publicado

12-05-2025

Como Citar

Monitoramento sorológico da toxoplasmose gestacional:análise retrospectiva de gestantes em Petrópolis, RJ,Brasil. (2025). Arquivos De Ciências Da Saúde, 31(01), 1-7. https://doi.org/10.17696/2318-3691.31.01.2025.226